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Norberto Amaral - Managing Partner na Cultiv

Norberto Amaral

Managing Partner na Cultiv

Norberto Amaral é managing partner na Cultiv, empresa de consultoria de comunicação, criatividade, inovação e organização de eventos. Além disso, lidera e organiza o TEDxPorto, o maior evento TEDx em Portugal e um dos maiores do mundo, e é Toastmaster, tendo recentemente atingido o grau de Distinguished Toastmaster.

A sua experiência em sistemas de informação passou, numa primeira fase, como programador numa empresa de fundos de investimento e, numa segunda fase, foi analista de negócio e gestor de projectos de sistemas de informação na Sonae - Retalho. Nestas fases da sua carreira, desenvolveu sistemas de atendimento automático com reconhecimento de voz e geriu projectos como o sistema de atendimento automático ‘Self-Checkout’ das lojas Continente.

Organizador e orador em mais de 100 eventos TEDx, Ignite, competições de discursos, sessões criativas, workshops estratégicos, entre outros, Norberto Amaral é um dos convidados especiais na Connecting Stories da PARTTEAM & OEMKIOSKS.

* O entrevistado respondeu às questões segundo o novo acordo ortográfico.

1. O Norberto tem um percurso profissional muito vasto. Pode falar-nos um pouco sobre a sua jornada e sobre a sua experiência profissional?

A minha formação universitária foi em Engenharia Física, mas cedo me apercebi que o meu lugar não era fechado num laboratório meses a fio para obter resultados incertos, mas em projetos de mais curta duração e de benefício mais imediato.

Foi assim que, no último ano do curso, em que obtive uma bolsa Erasmus para estudar em Glasgow, decidi abraçar a programação na Fidelity Investments, uma das maiores empresas mundiais de gestão de investimentos (em fundos e pensões), tornando-me gestor de projeto.

Alguns anos mais tarde, voltei para Portugal, iniciando a minha atividade na Sonae Distribuição, gerindo projetos de sistemas de informação, incluindo a primeira implementação de caixas Self-Checkout em Portugal, descontos em combustíveis, cartões Gift Card, cartão de fidelização Sport Zone, entre muitos outros. Ainda na Sonae Distribuição, passei a ser gestor de inovação, com o objetivo de estimular a criatividade e inovação da empresa, organizando workshops estratégicos e de criatividade, os prémios anuais de inovação e redigindo o livro anual de inovação, entre tantos outros projetos.

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Em 2016, saí da Sonae para cofundar a Shelf.AI, onde criámos um framework de compra online através da voz do cliente – é ainda mais sexy do que parece! – e, um ano mais tarde, decidi lançar-me por conta própria na Consultoria de Comunicação.

2. O que o levou à área da Comunicação? Qual é o seu grande objectivo?

Como gestor de inovação, a minha função exigia um contacto com pessoas da organização a uma escala nova para mim, inclusivamente de conceção e organização de grandes eventos. Mas foi em 2010, com a entrada na equipa de organização do TEDxPorto, e em 2011, com a adesão aos Toastmasters, uma instituição sem fins lucrativos que visa o desenvolvimento das capacidades de comunicação e de liderança dos seus membros, que desenvolvi o gosto e competência pelo tema da Comunicação.

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Hoje organizo o TEDxPorto, com uma equipa magnífica sem a qual nada seria possível, e juntos criamos e damos um palco às melhores ideias da comunidade. Nos Toastmasters, desenvolvo as competências de Comunicação e ajudo muitos outros no meu caminho.

Pouco tempo depois de iniciar estas atividades em regime de voluntariado, eu já dizia que gostaria de me profissionalizar nessa área e ainda demorou algum tempo para o fazer, mas foi certamente uma excelente aposta.

3. Como é que o TED entrou na sua vida e qual a importância que ocupa na mesma?

O TED entrou na minha vida como entrou na vida de muitas outras pessoas: a ver talks online. No entanto, tive a sorte de ir mais longe. Conheci uma colega de trabalho que fazia parte da equipa de organização do TEDxPorto e ela convidou-me para ingressar.

Foram meses de forte preparação, mas nada poderia preparar-me para o meu primeiro TEDxPorto: foi um dia muito intenso, conheci pessoas incríveis, entre oradores e equipa, o que me deu um novo propósito de vida, e que muito me preenchia.


Desde então, tive a sorte de poder participar em cinco eventos organizados pelo TED, integrando uma “tribo” de pessoas de todo o mundo com quem partilho muitos valores e uma obra de impacto a nível mundial.

A Comunicação assume um papel fundamental para as empresas em todos os aspetos da sua atividade.

4. E como é que surgiu o projecto da Cultiv?

O Manuel Forjaz, fundador do TEDxPorto, disse-nos várias vezes que fazíamos aquele evento tão bem e com tão boa preparação de oradores que nos devíamos profissionalizar, pondo essas competências ao serviço de empresas e outras instituições.

Quando surgiu essa oportunidade, eu e o meu sócio Pedro Geraldes, co-organizador do TEDxPorto, não hesitámos e criámos a Cultiv. Desde o início que formámos centenas de pessoas de diversas empresas, desde colaboradores muito juniores até CEO’s de grandes empresas, startups e instituições de ensino superior. Tratámos da apresentação e da organização de pequenos eventos até à Consultoria de Comunicação, ajudando diversas empresas a comunicar melhor os seus conceitos. Têm sido anos muito interessantes!

5. De que forma é que a Comunicação pode determinar o sucesso de uma empresa e/ou de uma marca?

A Comunicação assume um papel fundamental para as empresas em todos os aspetos da sua atividade. Numa perspetiva mais primordial, o grau de complexidade do mais simples objeto é de tal ordem que ninguém consegue criar praticamente nada sozinho. Em vez disso, trabalhamos em equipas, em projetos, reunindo diversas competências e experiências. Para isso, trocamos ideias, conceitos e informação em geral, o que nos permite cumprir os objetivos a que nos propomos.

Numa perspetiva mais ampla, é necessário, por vezes, partilhar informação verbalmente com várias/ muitas pessoas em simultâneo – perante colaboradores, colegas, chefias, parceiros e meros curiosos.

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São oportunidades de persuadir os nossos interlocutores para divulgarmos ou “vendermos” ideias, conceitos, projetos ou mesmo produtos e serviços. Para sermos capazes de o fazer bem, precisamos de nos preparar: estabelecer objetivos, estruturar a mensagem, escolher as palavras certas e, em muitos casos, até criar slides de PowerPoint.

A comunicação em público é um tema vasto e difícil, mas é possível melhorarmos as nossas competências nesta área, deixando alguns maus hábitos para trás (só dois exemplos: a quantidade excessiva de “hãs” e outras bengalas verbais e a partilha de informação em excesso) e criando outros novos hábitos. Se for bem feita, os resultados serão visíveis a curto prazo!

6. Qual é o futuro da Comunicação? É uma área em crescimento?

Há uma preocupação crescente sobre este tema. Creio que houve uma revolução neste setor quando surgiram as primeiras TED talks online há 15 anos. Pela primeira vez, milhões de pessoas foram capazes de perceber o poder da palavra falada em contexto mais formal e institucional e começaram a adaptar o formato para si. Por outro lado, muitos líderes e gestores percebem agora – finalmente – que só conseguem sê-lo se forem capazes de criar uma faísca na cabeça dos seus colaboradores. Não é suficiente inundá-los de informação, é necessário seduzi-los. Ainda temos um grande caminho pela frente e sempre teremos, já que ninguém nasce ensinado e muito menos para falar em público.

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7. É autor do livro “Impacto – Como comunicar em público”. Que mensagens pretende transmitir com este livro? Já está a preparar mais algum?

Pretendi, acima de tudo, criar um manual detalhado sobre como preparar boas apresentações em público. Sinto que os livros que existiam em Portugal eram muito fragmentados e nenhum oferecia a minha visão que a estrutura da mensagem é essencial, que a forma ajuda o conteúdo e não deve ser dissociada, que não devemos adotar atitudes que possam ser tomadas como manipuladoras, que devemos ser genuínos e autênticos, mas que só conseguimos ser vistos assim se antes formos competentes, e que devemos focar-nos inicialmente não em criar novos hábitos, mas em deixar os maus velhos hábitos para trás.

O livro foi lançado há dois anos e a mensagem mantém-se e, certamente, manter-se-á por muitos anos. Foi escrito para poder ser consultado e usado a longo prazo e não apenas como “algo na moda”.

Desde então, confirmei que as premissas e as ideias nele contidas fazem cada vez mais sentido, especialmente num mundo cheio de retórica fácil, de ideias falaciosas e de manipuladores. O mundo não precisa disso, precisa sim de boas ideias, bem transmitidas.

Já tenho planos para um novo livro, nomeadamente dirigido a um público juvenil, aguardando por melhores condições para o fazer.

Bem implementadas, [as tecnologias] terão certamente um impacto considerável.

8. Chegou a desenvolver sistemas de atendimento automático com reconhecimento de voz e geriu projectos com o sistema de atendimento automático ‘Self-Checkout’ das lojas Continente. Que importância tem, a seu ver, a tecnologia na actualidade?

A tecnologia é um termo muito abrangente para todo um domínio de aplicação e utilização de conceitos a uma escala nunca antes vista, trazendo sofisticação a processos já retrógrados, intocáveis há décadas, e criando novas oportunidades de crescimento e eficiência. Bem implementadas, terão certamente um impacto considerável e ainda bem que assim é, porque a eficácia e eficiência são fundamentais para o desenvolvimento das empresas. Por outro lado, não podemos negar o impacto negativo da implementação de algumas tecnologias, nomeadamente quando não colocam as pessoas no centro da gestão de mudança, diria até liderança da mudança.

Apesar de termos tantos exemplos positivos das tecnologias – hoje ninguém tem uma palavra negativa a dizer sobre as caixas Multibanco ou Via Verde, embora aquando da implementação destes conceitos, muitas pessoas tenham só visto os aspetos negativos –, só um tecnólogo acérrimo conseguirá ignorar esse impacto, dizendo que os empregos perdidos para a modernização consistem em tarefas repetitivas que em nada favorecem a condição humana. Esquecem-se que outra coisa que não favorece a condição humana é não ter comida na mesa nem um teto sobre as cabeças. Esquecem-se da desumanização do desemprego.

O projeto do Self-Checkout foi implementado numa altura de hemorragia de emprego no país, com 800-900 postos de emprego perdidos por semana com o encerramento de fábricas de têxteis e calçado. O país estava numa fase de grande incerteza e queríamos evitar criar ainda mais ruído, pelo que o emprego e boas condições de trabalho foram um baluarte dessa implementação. Prometemos e cumprimos que ninguém iria perder o seu emprego e que esta tecnologia seria utilizada para melhorar o serviço ao cliente, através da abertura de mais caixas, dando o controlo ao cliente. O momento-chave foi quando uma senhora de 92 anos me abraçou e agradeceu profusamente, porque finalmente conseguia fazer uma compra ao seu ritmo.

Tive oportunidade de implementar sistemas de reconhecimento de voz em dois momentos muito diferentes na minha carreira. Um deles foi no final dos anos 90 na Fidelity Investments, altura em que os clientes podiam usá-los para tarefas relativamente simples, tal como obter saldos de conta e cotações de fundos de investimentos, mantendo os colaboradores de contact centre focados em tarefas de valor acrescentado, tal como compra e venda de fundos. Estes projetos, implementados no Reino Unido, Alemanha e Japão foram um dos momentos grandes da minha vida profissional e ainda hoje sinto um grande orgulho!

Mais recentemente, na Shelf.AI, demos a possibilidade às pessoas para fazer as suas compras de supermercado diminuindo a necessidade de interagir com um ecrã: depois de aberta a aplicação, basta ditar a lista de compras e, no final, dizer onde e quando fazer a entrega das compras.

Douglas Adams dizia que até aos 35 anos, as tecnologias eram todas aceites e, após os 35, havia uma grande resistência, porque deixamos de as considerar como “naturais” e vantajosas. Espero que tenhamos isso em consciência e que sejamos capazes de humanizar a tecnologia, para que não haja uma contrarreação que seria extremamente adversa para o desenvolvimento da nossa sociedade.

9. Que projectos tem em mente para o futuro?

Assim que for possível voltarmos a ter eventos presenciais com a densidade possível anterior à pandemia, gostaria de lançar outro tipo de eventos, baseados em histórias pessoais, em locais intimistas e de grande contacto humano. Precisamos, certamente, deste tipo de interação e de oportunidades para pequenos grupos de conhecer outras pessoas sem medo de vírus ou de outras pessoas que o possam trazer.

Da perspetiva da Cultiv, vamos abrir a internacionalização dos nossos serviços junto de Organizações Não Governamentais e outras instituições com um grande impacto na sociedade. Queremos contribuir para as coisas boas que se fazem e para o desenvolvimento humano em grande escala.

Connecting Stories é um espaço editorial conduzido pela PARTTEAM & OEMKIOSKS que consiste na realização de entrevistas exclusivas, direccionadas a personalidades influentes, que actuam em diferentes sectores de actividade.

O projecto, idealizado pela PARTTEAM & OEMKIOSKS, contempla a publicação de histórias de sucesso, por meio de pequenas entrevistas a influenciadores que queiram compartilhar detalhes sobre os seus projectos, opiniões, planos para o futuro, entre outros assuntos.

A ideia é conectar histórias, partilhar conhecimento, desenvolver networking e gerar conteúdos que possam fornecer novas visões, oportunidades e ideias.

Sobre a PARTTEAM & OEMKIOSKS

Fundada em 2000, a PARTTEAM & OEMKIOSKS é uma empresa portuguesa de TI mundialmente reconhecida, fabricante de quiosques multimédia de interior e exterior, equipamentos self-service, mupis digitais, mesas interactivas e outras soluções digitais, para todos os tipos de sectores e indústrias. Para saber mais acerca da nossa história, clique aqui.

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