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Vitor Pereira - ZOOM SMARTCITIES

Vitor Pereira

Co-Fundador do ZOOM Smart Cities

Co-Fundador do ZOOM Smart Cities, Vítor Pereira dedica-se nos últimos anos à Agência de comunicação e Inovação Conteúdo Chave, especializada em novas tecnologias aplicadas ao sector dos Media, Turismo e Cidades, sendo um dos principais Stakeholders europeus relacionados com as Smart Cities.

Com mais de 24 anos de experiência profissional de rádio e imprensa, como jornalista, editor, director e fundador, Vítor Pereira foi distinguido com o prémio Personalidade Smart Cities Live 2015, atribuído, pela primeira vez, no âmbito da Green Business Week.

Conheça em exclusivo, a história de Vítor Pereira.

1. O Vítor Pereira é Co-Fundador e director do ZOOM Smart Cities, um dos principais eventos internacionais sobre inteligência urbana a acontecer em Portugal. Fale-nos um pouco sobre a sua jornada e sobre a sua experiência profissional. Qual é o seu interesse nesta temática ?

Fui jornalista durante mais de 20 anos mas sempre fiz mais coisas além do jornalismo e rádio. “Fundei” a minha primeira “startup” com 11 anos a vender e mais tarde a programar jogos de computador ZX Spectrum para todo o mundo.

Um dia cheguei à minha mãe e pedi que me comprasse um “Quiosque” para que a venda pudesse ser ainda mais profissional. Mas não consegui mais do que um puxão de orelhas e um “tem juízo”.

Sempre fui autodidata nas tecnologias e aprendi a usar praticamente todas as ferramentas de design e programação. A partir daí, comecei a fazer mais projectos de comunicação integrados numa estratégia global, sobretudo dirigidos a regiões e cidades, até que se tornou incompatível com o jornalismo e decidi abraçar um projecto diferente numa agência de comunicação especializada em inovação e disrupção de conceitos, produtos e serviços.

Lançamos as primeiras aplicações de Realidade Aumentada em Portugal, as primeiras cidades com guias interactivos no telemóvel, os primeiros jornais e revistas com aplicações, etc.

Daqui até às Smart Cities foi um pequeno passo, pois já em 2009 comecei a participar activamente em eventos e a trabalhar com outros parceiros internacionais de outras cidades.

Lancei uma série de conteúdos, pensamentos próprios, ideias novas, alguma filosofia, inclusive havia quem me considerasse (e considere) um romântico das cidades pois a paixão e a proximidade que tentava imprimir eram partilhadas em todo o mundo.

Na altura, em 2012/2013, quando estava praticamente tudo a puxar para as smart cities baseadas em tecnologia. Ainda não se falava tanto em citizen engagement, nem em placemaking, nem em economia circular, nem em resiliência ou alterações climáticas, mas já se falava nas pessoas, no humanismo, na necessidade de existir uma “plataforma” de interação humana nas cidades.

Entre colaborações com Amsterdão, Barcelona, Canadá e Londres, acabou por surgir a oportunidade de organizar um grande evento internacional em Portugal e acontece o SMART TRAVEL em 2014 que teve o grande efeito de alterar a tendência dos eventos de então, juntando, pela primeira vez, os tópicos turismo e cidades debaixo da palavra smart.

Desde então que os eventos têm sido uma constante. Não como modelo de negócio mas acima de tudo plataforma de transmissão de ideias e experiências e partilha. Sempre num ambiente descontraído e também com objectivo específico de marcar a atualidade e as tendências.

Neste momento, estou envolvido não apenas nos eventos mas no apoio a cidades e regiões, trabalhando aquilo que as cidades mais necessitam nesta fase (e não são sensores nem dados): a estratégia inicial, os blueprints e planos de ações para garantir que um projeto smart city tem pernas para andar e não termina numa gaveta.

2. De que forma o ZOOM Smart Cities contribui para o desenvolvimento das Smart Cities ?

Numa altura em que em Portugal existem “summits” para tudo, o ZOOM SMART CITIES é um evento que já todos reconhecem como um garante de informação certificada sobre estas temáticas.

E não apenas em Portugal, o evento, apenas com 2 edições tornou-se uma referência global pela qualidade dos oradores presentes mas também pelo conteúdo. Sabemos que os eventos hoje em dia tentam ser mais festa e entretenimento mas a estratégia do ZSC sempre passou por uma seleção criteriosa de quem está tanto no palco como a assistir. É um momento de partilha, contactos e obviamente negócios.

"... apenas com 2 edições tornou-se uma referência global pela qualidade dos oradores presentes mas também pelo conteúdo..."

Não vale a pena esconder que não existe um modelo de negócio associado às smart cities, ele existe e todos o conseguem perceber, mas é fundamental que tudo seja feito de forma transparente e que não restem dúvidas sobre a independência de entidades e instituições que lidam com dinheiros públicos.

É fundamental certificar e credibilizar os negócios nas smart cities e é por isso que em breve surgirá uma entidade independente e séria com objectivo de apoiar tanto empresas como cidades e governos mediando todas estes aspectos que por vezes são incompreensivelmente descurados.

O ZSC é também o momento ideal para inspirar novos negócios, novas soluções e ações e confortar até os mais céticos e resistentes à tecnologia, pois o que é evidente para todos neste momento é que ser uma cidade inteligente já não se mede apenas por zeros e uns.

3. O Vitor foi recentemente vencedor do People’s Choice Award, atribuído pelo Internet of Things World Series, no âmbito da conferência Smart to Future Cities Summit. O que este reconhecimento significa para si ?

Fui integrado nessa lista final de 7 entre 40 nomeados e como é óbvio senti-me honrado, feliz e naturalmente também promovi uma pequena campanha pois a votação era online.

O que mais me motiva é o reconhecimento de que o que tenho vindo a fazer não é em vão e o que tenho feito, a maior parte das vezes, é despender imensa energia e recursos a idealizar e projectar, desenhar e a executar coisas que às vezes nem sequer sabemos se vão resultar mas que são únicas, nascem da criatividade e da vontade de fazer diferente.

É o reconhecimento de que os idealistas, românticos, sonhadores, criativos, rebeldes, etc. ainda são os que fazem evoluir as cidades, ainda é este grupo que promove o progresso, o pensamento filosófico, a inspiração, o drama, a felicidade na nossa sociedade. E isso está bem patente em todas as cidades com exceção das que querem apenas ser “felizes” ou ser apenas “inteligentes”. Há muito mais do que jargões ou buzzwords numa cidade.

Vitor Pereira - ZOOM SMARTCITIES

4. Explique-nos o que entende por Smart City e como é que se encontra o desenvolvimento das Smart Cities em Portugal e no Mundo ?

O conceito de smart city tem obviamente uma origem e uma ligação ao mundo da tecnologia e digitalização de serviços e processos. Nasce com esse propósito e há cidades que necessitam de o implementar com urgência de forma a optimizar recursos, garantir a sustentabilidade e eficiência nos mais diversos sectores.

Mas, a ausência de recursos financeiros e humanos, a pouca praticabilidade dos projectos e o fraco retorno dos mesmos, também fez com que, por exemplo, abdicar de tecnologia ou adoptar outra solução mais sustentável economicamente, passou a ser um sinal de inteligência. Inteligência na gestão, na liderança, na estratégia.

Um dos problemas com que nos deparamos hoje tem a ver com a tomada de decisões urgentes e importantes para o futuro. Parece cada vez mais difícil essa tomada de decisão porque muitas vezes o medo de não ser compreendida ou aceite obriga a calculismos.

E a tecnologia, através dos dados e da inteligência artificial, está a servir de “bode expiatório” para suportar essas decisões.

Mas também é verdade que se vamos ter computadores a decidir tudo então não precisamos de políticos, não necessitamos de líderes que arrisquem decidir, que assumam corajosamente ideologias ou políticas, com erros certamente, mas porventura menos onerosos do que deixar algoritmos à solta a decidir praticamente tudo nas cidades.

Vitor Pereira - ZOOM SMARTCITIES

Há coisas que as máquinas não podem decidir e, sobretudo, não podemos cair na tentação de culpar as máquinas por qualquer problema que aconteça no futuro.

É tentador, mas a smart city não é só isto. Não são apenas carros sem condutores, ou apenas sensores, ou bicicletas com sensores. Estes são elementos que todas as cidades vão ter mais cedo ou mais tarde.

O que vai fazer a diferença será o assumir que é necessária uma devolução, voltar ao princípio da Polis em que o debate, a empatia, a inspiração e até alguma rebeldia, estão presentes nas decisões do dia a dia.

Porque, refiro mais uma vez, se passarmos a ser governados por algoritmos, temo que algumas camadas da nossa sociedade correrão perigo, aliás, isso já se está a verificar neste momento.

A cidade perfeita não existe porque os humanos não são perfeitos e a cidade inteligente só poderá existir com estratégia de liderança e responsabilidade na tomada de decisões.

5. Como acha que serão as cidades do futuro ? As cidades portuguesas estão a assumir estratégias mais definidas nas Smart Cities ?

No geral, há bom e mau em todas as cidades no mundo. Estão a ser feitas coisas muito boas e outras não tão boas não é algo que seja exclusivo de Portugal ou de outro país.

Há no entanto preocupações, relativas a algumas estratégias de promoção de tecnologias que são incoerentes com os discursos de alterações climáticas ou de emprego qualificado por exemplo. Ou até de coesão social.

Há alguns anos, o futuro eram os sensores nos caixotes do lixo, e todos aplaudimos essa grande evolução de optimizar rotas e poupar recursos ao erário público.

Mas isso causou, por exemplo em Barcelona, uma greve de vários dias dos funcionários da empresa de recolha de lixo que começaram a sentir os seus postos de trabalho ameaçados.

São camadas frágeis da nossa sociedade que devem ser tidas em conta. Às vezes, ser inteligente significa manter um posto de trabalho que custa menos do que a tecnologia que o vai substituir, seja no lixo, no tratamento dos espaços verdes, nos transportes, etc.

Enquanto os estados não assumirem a ideologia do rendimento garantido (coisa que ainda não existe) é necessário manter estes postos de trabalho quanto mais não seja pelo caráter solidário dos mesmo.

Outro problema que as cidades vão ter de enfrentar é o envelhecimento geracional e o despovoamento. As grandes cidades estão a crescer exponencialmente criando problemas totalmente diferentes dos das pequenas e médias cidades que perdem população.

Vitor Pereira - ZOOM SMARTCITIES

Não vale a pena acenar com veículos sem condutor e outros gadgets tecnológicos se não existir população para os utilizar. Mais do que reter talento as cidades devem atrair talento e algumas começar já a apostar de forma séria na agricultura, nas artes, na preservação da autenticidade e genuinidade dos espaços naturais, da gastronomia etc.

Vejo com bons olhos cidades em Portugal e no mundo que estão a dar passos importantes no sentido de garantirem que a smart city ganha raízes e elimina um conjunto de factores que limitam o progresso e o enquadramento de soluções transversais.

Também vejo problemas em algumas cidades como Lisboa, por exemplo, numa aparente esquizofrenia e bipolaridade relativamente a temas tão importantes como a massificação turística ou a habitação.

É difícil manter equilíbrios nos dias de hoje, mais vale assumir de vez quais são as dores e, sem floreados e sem misturar ideologias políticas, tentar resolver a sério.

6. Sabendo que a PARTTEAM tem a possibilidade de produzir mupis digitais, quiosques self-service e outras soluções tecnológicas para Smart Cities, perguntamos qual é a sua opinião sobre a empresa PARTTEAM.

​Uma empresa que inspira confiança e cuja principal qualidade também a referi anteriormente, reside na qualidade da liderança e estratégia.

Tal como as cidades, também as empresas devem apostar na criatividade na inovação e arriscar. A PARTTEAM assumiu esse risco, inovou, consegue ser competitiva num mercado complexo e globalizado e só a atitude e a visão em criar e desenvolver coisas novas é garantia de crescimento e sustentabilidade.

Dou os parabéns a toda a equipa da PARTTEAM pelo que têm feito e que continuem a demonstrar e a inspirar outros com os vossos casos de sucesso.

Connecting Stories é um novo espaço editorial conduzido pela PARTTEAM & OEMKIOSKS que consiste na realização de entrevistas exclusivas, direccionadas a personalidades influentes, que actuam em diferentes sectores de actividade.

O projecto, idealizado pela PARTTEAM & OEMKIOSKS, contempla a publicação de histórias de sucesso, por meio de pequenas entrevistas a influenciadores que queiram compartilhar detalhes sobre os seus projectos, opiniões, planos para o futuro, entre outros assuntos.

A ideia é conectar histórias, partilhar conhecimento, desenvolver networking e gerar conteúdos que possam fornecer novas visões, oportunidades e ideias.

Sobre a PARTTEAM & OEMKIOSKS

Fundada em 2000, a PARTTEAM & OEMKIOSKS é uma empresa portuguesa de TI mundialmente reconhecida, fabricante de quiosques multimédia de interior e exterior, equipamentos self-service, mupis digitais, mesas interactivas e outras soluções digitais, para todos os tipos de sectores e indústrias. Para saber mais acerca da nossa história, clique aqui.

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