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Henrique Paranhos - Fundador e CEO da WEbrand Agency

Henrique Paranhos

Fundador e CEO da WEbrand Agency

Viciado em criatividade, Marketing Digital, copywriting e tudo o que seja digital, Henrique Paranhos é o fundador e CEO da WEbrand Agency, uma agência de Marketing Digital e desenvolvimento web totalmente remota.

Para além disso, desenvolveu e lançou softwares no mercado, é formador de Marketing Digital em várias escolas nacionais, tem um negócio de petsitting, é co-fundador do movimento #RemoteShift, do Outstanding Portugal e do projeto social SOSvizinho.

Tendo desenvolvido estratégias de Marketing Digital para algumas das maiores marcas do mercado – como Honda, Redbull, Burger King, Leaseplan, Carnext, Paul Hartmann, General Motors, Opel e Adidas –, Henrique Paranhos é um dos convidados especiais na Connecting Stories da PARTTEAM & OEMKIOSKS.

* O entrevistado respondeu às questões segundo o novo acordo ortográfico

1. Com um extenso currículo, pode falar-nos um pouco sobre a sua jornada e experiência profissional?

Nasci em Coimbra, cidade onde estudei e onde comecei a trabalhar aos 17 anos em cafés, bares e discotecas. Depois de um percurso académico algo atribulado, em que frequentei um curso superior do qual percebi mais tarde que não gostava, a frustração levou-me a experimentar um curso de design e webdesign. Aí tive oportunidade de conhecer as ferramentas Adobe mas, acima de tudo, de perceber que havia mais possibilidades e áreas no mercado para além das que até então considerava ‘convencionais’. Com a evolução da utilização de Internet em Portugal, comecei a perceber que em poucos anos iriam surgir no mercado novas profissões até então inexistentes, o que me levou a inscrever num workshop de Marketing Digital (área que em 2010 dava os primeiros passos em Portugal).

A partir daí fui um autodidata, como em quase tudo o que fiz na vida. Explorei o Mailchimp, comecei a fazer campanhas de email marketing e gestão de redes sociais como freelancer, montei as minhas primeiras campanhas de anúncios no Facebook e comecei a lançar os meus primeiros projetos digitais. Aprendi a dominar o WordPress e as bases de HTML, CSS, Analytics e SEO. Li imenso, observei como as marcas se estavam a comportar no digital e percebi que era nesta área que queria trabalhar no futuro.

Henrique Paranhos - Fundador e CEO da WEbrand Agency - Connecting Stories PARTTEAM & OEMKIOSKS

Depois de uma experiência profissional incrível num jornal do distrito de Coimbra, onde fui responsável pela sua digitalização, vim finalmente para Lisboa em 2014. Já na capital, trabalhei como responsável de comunicação numa empresa de energias renováveis, onde cresci imenso como profissional. Depois disso, passei por várias agências e anunciantes, grandes e pequenos, e aprendi com os melhores profissionais da área, a quem devo imenso pela paciência que tiveram por me acompanhar e fazer evoluir. Antes da minha aventura e incursão pelo empreendedorismo, fui responsável pelo Marketing Digital numa seguradora nacional, de onde guardo também excelentes recordações.

No entanto, não estava satisfeito com a rotina do trabalho no escritório das 09h00 às 18h00 e com o imenso tempo perdido em deslocações, combustível gasto e reuniões infindáveis, pelo que meti na cabeça que iria ser capaz de abrir a primeira empresa full remote em Portugal. Foi daí que surgiu a WEbrand Agency, agência de Marketing Digital da qual sou o orgulhoso fundador e que entrega todos os dias campanhas e estratégias digitais para algumas das marcas mais conhecidas do mercado.

Eu tive a sorte e o engenho de me cruzar com um workshop de Marketing Digital e ter ficado logo encantado.

2. O que o levou a enveredar pela área do Marketing Digital?

Foi a minha curiosidade e um workshop que fiz na ‘velhinha’ Flag de Coimbra. E também a frustração. A frustração de, aos 24 anos, não ter ainda acabado a Licenciatura de Engenharia Civil e estar completamente sem ideia do que iria ser a minha carreira e o meu futuro profissional. Só sabia que não queria concluir aquele curso nem trabalhar na área. Vi os meus amigos (felizmente todos mais inteligentes que eu) a terminar os seus cursos e a começar a trabalhar e eu ali, estagnado, em Coimbra, onde não havia (nem há) grandes oportunidades de trabalho. E quantas das pessoas que lêem este artigo não se identificarão com esta história? Somos muitos, certamente. Eu tive a sorte e o engenho de me cruzar com um workshop de Marketing Digital e ter ficado logo encantado. E foi aí que se deu o clique de que era isso que queria para o meu futuro.

3. Criou, há cerca de dois anos, uma agência de Marketing Digital. Quais foram os principais desafios encontrados?

Para começar, existe o mesmo desafio que para qualquer outra empresa portuguesa, que é o de estarmos num país que aplica uma das mais elevadas cargas fiscais às empresas a nível europeu. Mas vou evitar este assunto.

Como tive oportunidade de escrever em cima, a WEbrand tem a particularidade de ter sido desde sempre remota, algo que era um sonho meu há já alguns anos. Mas isto trouxe também desafios que eu nem sequer imaginava na altura.

No nosso caso, além da gestão de uma empresa remota, temos o desafio adicional de ser a primeira empresa remota portuguesa a pagar impostos em Portugal. E isto é de facto importante referir, porque pode haver empresas remotas que atuam em Portugal ou com colaboradores portugueses, mas que estão registadas noutros países. E isto tem muito que se lhe diga. Desde logo porque até à chegada da pandemia, e antes da conferência Remote Shift, que organizamos em 2019 para falar sobre o tema do teletrabalho, este assunto não estava na ordem do dia. Nem a lei, nem o código de trabalho previam a existência de uma empresa em Portugal que não tivesse um local fixo onde os colaboradores se encontrassem fisicamente presentes.

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Ou seja, tivemos de ser pioneiros e “abrir caminho” em relação a praticamente tudo, desde logo no contacto com diversas entidades como o IEFP, a Segurança Social, advogados, contabilistas, seguros, medicina no trabalho, etc., que não reconheciam este modelo de trabalho e que nos obrigava a uma adaptação muito própria da legislação ao nosso caso concreto, por sermos full remote. Por exemplo, no início vimos negada a contratação com apoio do IEFP porque o estagiário não iria estar fisicamente ao meu lado, tutor do estágio. Isto, porque o contrato de estágio diz que o estagiário tem de ser acompanhado presencialmente pelo seu tutor. Como se uma tutoria e um bom acompanhamento dependessem de uma distância física... Outro exemplo é a complexidade logística de garantir as obrigatórias consultas de medicina no trabalho a uma equipa composta por colaboradores que se encontram em Aveiro, Coimbra, Viseu, mas também na Colômbia e no Brasil. Enfim, um desafio.

Poderia também falar das oportunidades e clientes (grandes marcas) que perdemos em pitch quando nos assumíamos como remotos, pois pensavam que éramos um grupo de freelancers e entendiam que isso nos conferia pouca credibilidade face a uma agência ‘tradicional’. Passados estes anos, assumo que, em alguns contextos, preferi não referir o facto de sermos remotos, pois entendi que isso seria desfavorável para nós perante alguns clientes.

Depois há outros desafios mais específicos que encontrámos pelo caminho onde só pudemos aprender com a nossa própria experiência. Um deles é que a diferença horária em projetos com colaboradores de diferentes fusos não funciona numa agência remota com a nossa dimensão. Quando lidas com clientes grandes, exigentes, maioritariamente no fuso horário de Lisboa e que cumprem um horário tradicional das 09h00 às 18h00, a equipa alocada a este cliente tem de estar disponível no mesmo intervalo horário. Isto, porque as urgências nos pedidos são constantes e não podemos estar à espera ou dependentes de um colega que só vai começar a trabalhar seis horas depois.

Mas importa destacar que, apesar dos inúmeros desafios, tem sido uma jornada incrível.

4. Como tem sido a evolução da agência?

Tivemos um crescimento sustentado até 2020, quando começamos a sentir algumas dificuldades que se agudizaram com a chegada da pandemia. Muitas pessoas ficam surpreendidas com isto, pois se havia empresa que estava preparada para o teletrabalho éramos nós. Certo. Mas se, por um lado, estávamos preparados e quase nada mudou a esse nível para nós, os nossos clientes não estavam. E com clientes ligados ao setor do turismo, dos seguros de viagens, coworks e eventos, fomos obrigados a abrandar quando todos eles pararam. E reconheço os meses de Março a Julho de 2020 como um dos períodos mais difíceis da minha vida (e quem me conhece pessoalmente sabe do que falo) e foi consequentemente difícil para a agência. Mais uma vez, fomos capazes de nos reerguer pela resiliência de uma equipa incrível que passou também sacrifícios para conseguir ultrapassar essa fase. Na segunda metade de 2020, fizemos uma reestruturação e temos vindo a reconquistar cada vez mais clientes e parceiros que nos confiam o seu Marketing e Comunicação Digital.

5. Como fundador e CEO da WEbrand Agency, como encara o empreendedorismo na actualidade?

Temos excelentes exemplos de empreendedores e empresas portuguesas que têm feito um trabalho incrível nos últimos anos em diferentes áreas. Devemos orgulhar-nos de exemplos como a Barkyn, Undandy, Landing.jobs, Stratio, Forall Phones, Infraspeak, DefinedCrowd, Feedzai, GoParity, Talkdesk e Unbabel, só para citar alguns. E temos também o empreendedorismo “silencioso”, longe da ribalta e dos grandes palcos, que é feito por homens e mulheres nas suas empresas familiares (grande parte do tecido empresarial português é composto por micro-empresas), fortemente esmagadas por impostos, burocracias e pelo impacto da pandemia.

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Ambos os exemplos que indiquei estão a mudar o mundo de certa forma, mesmo que a escalas distintas. E isso para mim é o que de melhor o empreendedorismo tem. Há claro um caminho a percorrer ainda, nomeadamente no que toca a mentalidades da generalidade da população e na forma como esta vê a iniciativa e o empreendedorismo. No entanto, prefiro focar-me nos bons exemplos que referi, que me servem de exemplo e me norteiam os dias de trabalho.

6. Tem um negócio de petsitting, é co-fundador do movimento #RemoteShift, do Outstanding Portugal e do projecto social SOSvizinho. Como concilia todos estes projectos? Existe algum segredo?

O segredo é o trabalho. Muito trabalho. O que não é propriamente um segredo, pois está ao alcance de todos. Mas há mais.

Tento ser extremamente disciplinado com o meu tempo e com a minha produtividade. Às vezes penso no que seria ter uma empresa e querer lançar um projeto há décadas atrás, sem Internet, sem smartphones, sem redes sociais. E vejo a sorte que a nossa geração tem de ter tantas ferramentas hoje em dia à nossa disposição. Por isso, uso-as de forma a tornar o meu trabalho mais rápido, mais produtivo e o mais eficiente possível.

Importa frisar que, tirando o petsitting e a formação, em nenhum dos outros projetos estou ou estive sozinho. E esse é o grande segredo que me permite alavancar os meus projetos – ter sempre uma equipa incrível de pessoas que me atura e me acompanha.

O digital e o remoto tornam-nos mais ágeis e rápidos e permitem-nos acompanhar as mudanças imprevisíveis do mercado.

7. Que projectos tem em mente para o futuro?

Tenho muitos. Quando não estiver a pensar em trabalho e envolvido em novos projetos, é porque algo se passa.

Costumo ter sempre algum projeto a correr e tenho outros em planeamento para curto, médio e longo prazo, sendo que, por norma, partem todos de uma base remota e exclusivamente digital – o digital e o remoto tornam-nos mais ágeis e rápidos e permitem-nos acompanhar as mudanças imprevisíveis do mercado. Sendo o core do meu negócio a WEbrand Agency, já lançámos dois softwares no mercado, o CRM WElead e o Premium Sponsored Pages, e mais recentemente criámos a Outstanding Portugal, uma plataforma de promoção de escapadinhas surpresa para apoiar o turismo nacional no pós-confinamento. Neste momento, estou focado em sustentar o crescimento destas spin-offs e tenho o projeto de, em 2021, estar ainda mais próximo dos nossos actuais clientes e parceiros.

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No meio disto, pode ser que no decorrer deste ano surjam mais alguns projetos interessantes. Enquanto empresário e empreendedor, considero que não podemos viver alheados do mundo que nos rodeia e que temos uma responsabilidade social acrescida, pelo que estou atento às consequências da pandemia na economia e quero muito poder dar o nosso contributo para ajudar a minimizar a crise que se avizinha. E é nisso que tenho estado a trabalhar de momento.

8. Sendo a PARTTEAM & OEMKIOSKS líder no desenvolvimento de mupis digitais e quiosques multimédia para o mercado internacional, na sua opinião, como é que o Marketing Digital pode determinar o sucesso de uma empresa e/ou marca?

Vejo o Marketing como uma arte que as empresas, das mais pequenas às maiores, precisam de dominar para expor os seus produtos e serviços aos seus consumidores da melhor forma. Tendo em conta o contexto actual, é inevitável que esta arte tenha uma forte componente digital e, por isso, é determinante que as marcas apostem neste canal.

Ainda assim, acho que temos um longo caminho a percorrer em Portugal. Ainda existe um enorme desconhecimento das ferramentas disponíveis e uma resistência crónica à utilização de tecnologias inovadoras e à digitalização de processos. Algumas empresas e organizações ainda preferem alocar horas do dia dos seus colaboradores a fazer trabalho manual e repetitivo, quando este poderia ser feito por uma máquina ou um software e esse colaborador alocado a funções com outras exigências cognitivas e de raciocínio. Da mesma forma, muitas empresas ainda preferem investir em soluções de comunicação estática e das quais não conseguem medir o retorno quando, lá está, através do digital conseguimos medir tudo tendo em vista a optimização das acções.

Por isso, compreendo que o mercado em que a PARTTEAM & OEMKIOSKS actua seja profundamente complexo e de difícil penetração, o que só demonstra a resiliência e o mérito da vossa empresa, que nos devia orgulhar a todos nós portugueses.

Connecting Stories é um espaço editorial conduzido pela PARTTEAM & OEMKIOSKS que consiste na realização de entrevistas exclusivas, direccionadas a personalidades influentes, que actuam em diferentes sectores de actividade.

O projecto, idealizado pela PARTTEAM & OEMKIOSKS, contempla a publicação de histórias de sucesso, por meio de pequenas entrevistas a influenciadores que queiram compartilhar detalhes sobre os seus projectos, opiniões, planos para o futuro, entre outros assuntos.

A ideia é conectar histórias, partilhar conhecimento, desenvolver networking e gerar conteúdos que possam fornecer novas visões, oportunidades e ideias.

Sobre a PARTTEAM & OEMKIOSKS

Fundada em 2000, a PARTTEAM & OEMKIOSKS é uma empresa portuguesa de TI mundialmente reconhecida, fabricante de quiosques multimédia de interior e exterior, equipamentos self-service, mupis digitais, mesas interactivas e outras soluções digitais, para todos os tipos de sectores e indústrias. Para saber mais acerca da nossa história, clique aqui.

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