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José Soares - Autor, Professor Catedrático na UP e especialista em Performance

José Soares

Autor, Professor Catedrático na UP e especialista em Performance

Com mais de 35 anos de experiência no campo da Fisiologia, José Soares é professor catedrático de Fisiologia na Universidade do Porto, autor de sete livros best-sellers e consultor externo na Unilabs Portugal.

José Soares tem ainda um registo de investigação e ensino contínuo, com mais de 60 artigos científicos publicados em revistas especializadas. Além disso, já trabalhou com um vasto leque de empresas de prestígio, como o Grupo José de Mello, Siemens, Philips, Sonae, Banco Popular, Banco Santander, Ana Aeroportos, Wipro, Galp e Sage. Recentemente, trabalhou com a Deloitte no seu projecto FUEL.

Especialista em desempenho humano, José Soares é um dos convidados especiais na Connecting Stories da PARTTEAM & OEMKIOSKS.

1. Com um vasto currículo, pode falar-nos um pouco sobre a sua jornada e experiência profissional?

Eu comecei a minha actividade como atleta, enquanto jovem. Depois fui atleta de andebol. Fiz, então, o curso de Educação Física. Licenciei-me, fiz o mestrado e realizei o meu doutoramento entre Portugal e a Alemanha em Fisiologia. Já era professor na Faculdade de Desporto quando comecei a participar em cursos de pós-graduação na Faculdade de Medicina. Hoje colaboro também com a Porto Business School. É esta a minha actividade académica.

Entretanto, comecei a trabalhar com atletas. No futebol, trabalhei como fisiologista em diferentes circunstâncias, inclusivamente na Selecção Nacional. Depois fui também fisiologista na Selecção Nacional de Andebol. Comecei também a trabalhar com doentes – aquilo a que se chama Exercício Clínico. Criei um programa de exercício para mulheres com cancro da mama numa fundação que se chama Mama Help e, posteriormente, criei um programa de Exercício Clínico para doentes no Instituto CUF Porto.

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Em simultâneo, comecei a trabalhar no mundo empresarial, na melhoria da performance (nomeadamente a cognitiva), atenuando o impacto do stress e da fadiga e utilizando muito a analogia dos atletas. Portanto, não faço nada relacionado com o coaching nem com liderança ou motivação. Pretendo, única e exclusivamente, passar aquilo que se aprende com os atletas para o mundo das organizações. Faço análises de sangue, de saliva, de urina e estudos de sono com pessoas com um maior grau de diferenciação nas organizações. Mas estas funções traduzem-se, basicamente, na intervenção de um professor de Fisiologia (ou de um fisiologista) no mundo da performance, só que no mundo corporativo.

Entretanto, mais recentemente, comecei a trabalhar com pilotos de automóveis. Desde julho de 2020 que acompanho o piloto Miguel Oliveira.

Publiquei também, até agora, sete livros.

2. Esteve ligado, durante muito tempo, ao desporto de alta competição. Que importância teve esta experiência no profissional que é hoje?

Estive e estou. Continuo a trabalhar com atletas, nomeadamente com atletas do mundo automobilístico. Estou a ter também uma experiência inicial com astronautas.

Portanto, tudo aquilo que eu aprendi com os atletas é completamente transferível, do ponto de vista da performance, para o mundo corporativo.

Trabalhar com pessoas com níveis elevados de performance em condições muito adversas – porque o desporto é adversidade – tem uma transferência quase linear para o mundo das organizações.

Sou professor por paixão.

3. É professor há mais de 35 anos. O que o motivou a enveredar pela área do ensino?

Sinceramente, não sei. Fui mau aluno. Mas gostava muito de Desporto. Consegui entrar em Educação Física, que na altura era o curso em que se entrava mais facilmente. Aí comecei a ser melhor aluno e convidaram-me para ser professor.

Eu gosto imenso de dar aulas. É o que mais gosto de fazer. Por isso, acho que sou professor por paixão. Só não gosto das tarefas burocráticas.

4. Uma vez que desempenha várias funções em simultâneo, como consegue gerir todas as responsabilidades? Existe algum segredo?

Esta é uma pergunta que me fazem muitas vezes, porque acham que faço muitas coisas e que até sou workaholic. Mas não é bem assim. Eu tenho imenso tempo para mim próprio, não posso dizer que tenha grandes hobbies. Curto muito bem a vida. Eu tenho é algo que, reconheço, me ajuda muito. Sou extremamente organizado. Acho que foi uma das coisas que aprendi com o meu doutoramento entre Portugal e a Alemanha. Aprendi que temos também de ter tempo para nos divertirmos. E se formos desorganizados, o tempo vai derrapar, vamos entrar pela noite dentro a trabalhar e, muitas vezes, até temos de trabalhar de noite para compensar o que deveríamos ter feito durante o dia e não fizemos.

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Eu acho que o segredo é um entusiasmo enorme pelas coisas. Eu sou um entusiasmado, muitas vezes quase exagerado. Em minha casa, a minha mulher às vezes até se cansa de me ouvir falar muitas vezes da mesma coisa (risos).

Em termos daquilo que é a minha performance, o segredo não reside nas minhas capacidades mentais, porque nem de longe nem de perto me considero uma pessoa muito inteligente, mas reside no meu trabalho e na minha organização.

O segredo da performance está no equilíbrio entre a carga e o repouso, entre o começar e o parar.

5. Que mensagens pretende transmitir com os seus livros?

Já publiquei livros de diferentes áreas. Publiquei dois livros sobre treino de futebol e sobre Fisiologia no futebol, porque na altura ainda era novidade. Depois publiquei um livro do qual gostei imenso, mas que não teve grande sucesso, onde comparei um organismo vivo a uma organização. Publiquei ainda um livro sobre running, que foi um sucesso na altura. Depois publiquei o “Reload. Menos stress. Melhor performance.” e, mais recentemente, publiquei o “Start & Stop”.

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Estes dois últimos livros, e porque estão alinhados, são livros que pretendem passar mensagens simples, exequíveis, science based. Falam sobre como podemos melhorar a nossa performance. O “Reload. Menos stress. Melhor performance.” fala sobre os quatro principais componentes da performance – recover, refuel, rethink e reenergize. São técnicas que, muitas vezes, nós vamos buscar ao desporto de alto rendimento e transferimos para o mundo das organizações. As mensagens são precisamente essas: melhorar a performance e atenuar o impacto do stress e da fadiga na forma como estamos a trabalhar, na nossa vida pessoal e profissional. Devemos ter sempre a preocupação de ser sustentados cientificamente. Eu tenho esta responsabilidade enquanto professor e, portanto, é isso que eu faço.

No “Start & Stop” ainda enfatizo mais isto, mas numa perspectiva mais relacionada com a saúde, porque eu acho que o segredo da performance está no equilíbrio entre a carga e o repouso, entre o começar e o parar. E este equilíbrio entre saber começar, continuar o que se começou e saber parar para recuperar e voltar outra vez a começar é o segredo dos atletas, é o segredo dos doentes e é o segredo das pessoas das organizações.

6. O José Soares é autor do livro “Reload. Menos stress. Melhor performance.”. Como é que podemos fazer este “reload”?

Eu diria que é saber recuperar muito bem (recover).

O reenergize é sentirmo-nos fisicamente activos porque, na realidade, o exercício tem um papel na nossa capacidade de nos reenergizarmos (com alterações que ocorrem no cérebro e que nos tornam mais focados, mais concentrados, com melhor memória a curto prazo).

O refuel tem a ver com a nossa alimentação. A alimentação tem um papel decisivo na performance e, nomeadamente, na performance cognitiva.

O rethink é pensarmos a forma como estamos a trabalhar e pensarmos que muitas das coisas que nós fazemos têm uma base biológica.

Neste último livro, no “Start & Stop”, há uma continuação do “Reload. Menos stress. Melhor performance.”, mas enfatizando o facto de a performance assentar no equilíbrio entre o que fazemos e o que não fazemos (isto é, entre o que fazemos e o que recuperamos para voltar a fazer).

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Isto é verdade num atleta, até porque quando não respeitamos os princípios de recuperação, o atleta entra em overtraining, e no mundo corporativo, pois pode-se entrar em burnout. Também o doente, quando não respeita os ciclos de tratamento, vê a probabilidade de sucesso muito reduzida.

Por isso, o segredo do “Start & Stop” é exactamente esse: saber recuperar entre as fases, percebendo que há um impacto na nossa performance e na nossa saúde.

Connecting Stories é um espaço editorial conduzido pela PARTTEAM & OEMKIOSKS que consiste na realização de entrevistas exclusivas, direccionadas a personalidades influentes, que actuam em diferentes sectores de actividade.

O projecto, idealizado pela PARTTEAM & OEMKIOSKS, contempla a publicação de histórias de sucesso, por meio de pequenas entrevistas a influenciadores que queiram compartilhar detalhes sobre os seus projectos, opiniões, planos para o futuro, entre outros assuntos.

A ideia é conectar histórias, partilhar conhecimento, desenvolver networking e gerar conteúdos que possam fornecer novas visões, oportunidades e ideias.

Sobre a PARTTEAM & OEMKIOSKS

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